A HISTÓRIA A AS AÇÕES EDUCATIVAS DAS
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E POPULARES DA CIDADE DE ERECHIM / RS
Sian Carlos Alegre1
Os autores iniciam o livro tratando da
Educação Popular na América Latina, onde nasce sob uma pratica
politica a serviço das classes populares, buscando outra forma de
educação, não vista na escola. Assim, a Educação Popular tem a
intenção de contribuir para formação de uma consciência
politica, que faça com que as pessoas se libertem desta situação,
e busquem sua autonomia. No Brasil, a Educação Popular chega como
uma resposta ao desenvolvimento dos movimentos sociais. A parir de
1960, a Educação Popular pode ser vista em três momentos:
Primeiramente a Educação popular como Alfabetização (década de
60); Segundo a Educação Popular como Consciência Política e
Consciência de Classe (década de 70 e 80); Um terceiro momento é a
Educação popular como Construtora de paradigmas e do Projeto
Político (a partir da década de 90); A Educação popular passa a
representar uma prática libertadora, que ajuda na conscientização
da real situação de pobreza em que boa parte das pessoas se
encontra. Segundo os autores, ela apresenta um esforço para
mobilização e organização da população, o que a torna popular é
a sua concepção de construção de sociedade. A Educação Popular
caracteriza-se por: ser uma prática educativa a serviço da
emancipação das classes populares; contribuir para a transformação
da sociedade capitalista para uma que de voz as classes populares;
educar para a democracia e ser uma ferramenta na organização das
classes populares. São
as organizações pesquisadas: Organização
sindical, Cooperativismo, Movimento Social Popular e Entidades
Populares. Organização
Sindical Rural – fundado em
1962 tem como proposição lutar pelos direitos dos pequenos e médios
produtores rurais. Inicialmente mantinham um caráter
assistencialista, mas a partir de 1980 inserem-se no novo
sindicalismo, reorganizando sua atuação. Organiza-se em Assembléia
geral, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Diretoria. Mantém
relações com o movimento popular e outros sindicatos. Suas ações
consistem em: prestação de serviço; lutas sociais e econômicas;
experiência de produção alternativa nas pequenas comunidades;
constante informação aos seus membros (programas de radio, boletim
informativo); campanhas de sindicalização; organização de base.
Para este sindicato a educação popular consiste em utilizar a sua
realidade como princípio. Organização
Sindical Urbana – sua fundação
é resultado da articulação de trabalhadores de varias categorias.
Sua finalidade de fundação é: congregação de trabalhadores,
reivindicação e soma de forças populares; lutas por direitos
sociais e interesses comuns. Segundo os autores, é possível ver
três fases em sua história: Fase de Oposição Sindical (1979 a
1985); a Fase de Lutas (1986 a 1988); Fase de Consolidação (1989
aos dias atuais. Organizam-se em Assembléia Geral, Conselho
Deliberativo, Conselho Fiscal, Diretoria e Diretoria Executiva. Suas
relações compreendem: relação com a categoria; com a classe
patronal; com outros sindicatos; com poder público; com o CEPO e com
população em geral. Dentre as ações educativas, destaca-se: as
lutas sócias e trabalhistas e a mudança estrutural da sociedade; a
consciência do sindicato como instrumento de luta e a organização
sindical na base. Para as Organizações Sindicais Urbanas o projeto
de sociedade está baseado na justiça, igualdade, participação e
na democracia. Cooperativismo–
as cooperativas surgem do princípio de cooperação e organização
de todos os associados. As cooperativas estudas em Erechim foram a
Cooperativa de Eletrificação rural do Alto Uruguai Ltda. –
CRERAL, criada em 1969 e a Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto
Uruguai Ltda. – COPERAL, fundada em 1993. A CRERAL é criada para
levar luz elétrica ás propriedades rurais e comunidades. Já a
COPERAL, é fundada para estabelecer um novo modo de cooperativismo,
buscado defender os direitos dos agricultores e suas necessidades
mais primarias. Ambas as cooperativas organizam-se em Assembléia
Geral, Conselho Fiscal e Administrativo. Estas se relacionam com o
movimento popular e sindical, com o CEPO, CAPA e o CETAP. A CRERAL
ainda mantém uma relação com o estado, a fim de negociar o custo
da energia. A CRERAL desenvolve atividades como: conscientização
sobre a atuação da Cooperativa e capacitação para formação de
lideranças. Já a COPERAL, destaca-se: a discussão das linhas
políticas e o modo de trabalho, através de assembléias regionais e
municipais; reuniões nas comunidades rurais e a capacitação de
lideranças. Para a CRERAL, a educação popular contribui para a
pessoa ver a sua realidade tal qual ela é, consolidando-se no
cotidiano. Já para a COPERAL, a educação popular é outra forma de
educar, com uma proposta política administrativa econômica e social
de educação. Para ambas as cooperativas, o modelo de sociedade
baseia-se na democracia, justiça e igualdade, com justa distribuição
de renda, se explorados e com trabalho para todos. Movimento Social Popular- Nesse item, os
autores destacaram a Comissão Regional de Atingidos por Barragens –
CRAB, criada em 1979, a União das Associações de Moradores de
Erechim – UAME, fundada em 1990 e o Movimento de Mulheres
Trabalhadoras Rurais – M.M.T.R/ Alto Uruguai, fundado em 1984. O
CRAB inicia sua trajetória apenas com a prestação de serviços aos
atingidos, posteriormente aumenta sua abrangência, incluindo todos
os agricultores do Alto Uruguai. Trabalha com a formação de
lideranças, reuniões nas comunidades e distribuição de boletins
informativos. O M.M.T.R. inicia-se com apenas reivindicações,
posteriormente busca a inserção da mulher trabalhadora rural nos
espaços sociais e nas lutas sociais. Também passam a trabalhar
questões de gênero e do processo educativo nas famílias, com
intenção de inserir a mulher na administração da propriedade. A
UAME inicia suas atividades com característica assistencial e
cadastramento de famílias com problemas sócias e consequente
visitados membros diretores. O CRAB organiza-se através de
Assembléia geral, Coordenação Geral, Executiva Geral, Executivas
Regionais e as Equipes de Trabalho. Já o M.M.T.R. divide-se em
Assembléia Estadual, Direção e Executiva Estadual, Direção e
Executiva Regional, Direção Executiva Municipal e grupo de Mulheres
por Comunidade. O UAME está organizado em Assembléia Geral,
Diretoria e Presidência das Associações de Moradores dos bairros.
Entre as relações estabelecidas, o CRAB mantém com a ELETROSUL,
Prefeitura Municipais e a população em geral. O M.M.T.R. mantém
relações com o movimento sindical, a CRAB, igrejas, CEPO e uma
relação de confrontamento com o poder público. Já a UAME,
estabelece relações com a Prefeitura de Erechim, Associações de
Moradores de Paulo Bento. Dentre as ações dos movimentos
destaca-se, CRAB: Assembléias para estabelecer o dialogo com a
ELETROSUL; mobilização no dia Nacional de Luta contra a Barragem,;
acampamento e ocupação da sede de ELETROSUL e audiência com as
autoridades. O M.M.T.R. desenvolve atividades como; programas de
rádio, incentivar a documentação da s mulheres; campanha contra a
violência e educação sexista; formação na área da saúde,
política, sexualidade e afetividade; A UAME movimenta-se por:
participação no Conselho Municipal de Saúde; legalização dos
terrenos nos bairros; atendimento de urgência ante a catástrofes;
auxilio a pessoas carentes, campanha do agasalho; melhoria na
infra-estrutura dos bairros.O CRAB vê a educação popular como meio
para a formação critica do sujeito e sua autonomia, a prática e a
reflexão são a forma de buscá-la. Para o M.M.T.R. a educação
popular vislumbra a realidade, buscando mudanças na própria relação
familiar. Já para a UAME, a educação popular caracteriza-se pela
humanização das pessoas e busca por seus direitos. O CRAB e o
M.M.T.R. tem um projeto de sociedade socialista, pautado na justiça
e democracia, para além dessas questões o M.M.T.R. busca uma
alteração nas relações de gênero. A UAME afirma a necessidade de
uma sociedade com diminuição da fome e sem crianças na rua.
Entidades Populares-
para tal fim, os autores pesquisaram o Centro de Educação Popular –
CEPO e a Obra Promocional Santa Marta. O CEPO surge com a finalidade
de ser um apoio e acessória as Organizações Sociais Populares,
inicialmente com uma ênfase assistencialista, a partir de 1991 passa
a seguir na linha da educação popular. A Obra P. Santa Marta surge
com a intenção de tirar as crianças das ruas. Suas ações inicia
com o uma constatação do numero de crianças pedintes nas ruas,
posteriormente realizam uma conscientização da comunidade para o
fim da esmola. Em 1992 a coordenação da obra é transferida da
ordem religiosa para o popular. O CEPO e a Obra P. Santa Marta
organizam-se em Assembléia Geral, por um Colegiado – que no CEPO
são onze sócios e na Obra é formado pela diretoria e
representantes das crianças e adolescentes – e por uma Diretoria.
O CEPO estabelece relações com outras Organizações Sociais e
Populares nacionais e internacionais, ONGs nacionais, universidades e
escolas e instancias formal do Estado. Já a Obra Santa Marta, mantém
relações como poder público municipal, com o CEPO, com a COMDICAE,
Conselho Tutelar. As ações educativas que o CEPO desenvolve, é a
partir da educação popular e desenvolvimento na região, para tal
fim, desenvolve cinco programas de trabalho: a Produção
e Trabalho; Políticas
Sociais Públicas; Cultura
e Organização Social;
Documentação e Elaboração;
Política Institucional e
Prestação de Serviços. Na
Obra P. Santa Marta, as ações educativas estão organizadas em
programas: ações sócio-educativas; intercâmbio das experiências
de trabalho com as crianças e adolescentes; discussões com a
sociedade sobre os direitos da criança e adolescente; formação e
aprimoramento pedagógico dos educadores; orientações
sócio-familiar, com visitas nas residências e reuniões com a
família. Para o CEPO, a educação popular é uma pratica social e a
produção coletiva do conhecimento, visando à conscientização das
classes populares como sujeitos históricos para a criação de um
projeto de sociedade alternativo. Na Obra Santa marta, a educação
popular é entendida como a prática sócio-educativa que desenvolva
na pessoa o sujeito-cidadão. Para ambas as instituições, o projeto
de sociedade deve manter princípios de solidariedade, igualdade,
democracia e diversidade. De
acordo com os autores, as Organizações Sociais e Populares são
algo complexo e dinâmico, sendo que é necessário que tematizar
suas histórias e experiência para assegurar seu avanço
organizativo. O conhecimento nas organizações está diretamente
ligado a realidade e alicerçada na prática coletiva e troca de
experiências e, consequentemente a produção de novos
conhecimentos. A metodologia das ações educativas apresenta um
caráter dialético, visto que suas ações são sobre a realidade,
com situações-problema em um complexo global. Porém, apresentam
resultados como o surgimento de dirigentes e militantes combativos,
mobilização e organização da base, relações sociais
democráticas e solidárias. Nesse sentido, a educação popular
juntamente com essa concepção metodológica dialética acaba por
possibilitar o surgimento de sujeitos autônomos reflexivos e que
atue intervindo na sociedade. Para todas
as organizações pesquisadas, a educação popular é vista como
meio para a libertação das classes populares e sua conscientização
de protagonistas de seu processo histórico e social. Por fim, os
autores vêem que as Organizações Sociais Populares apresentam-se
como uma proposta para a superação da sociedade capitalista, seus
sujeitos são vistos como esperança para a concretização de outro
projeto de sociedade, tendo a educação popular como grande
alicerce.
Se entendermos que vivemos em uma sociedade preponderantemente desigual, que dia a dia promove e perpetua miséria, entenderemos também que a resistência a ela é algo inerente a si. Para tanto, a educação popular apresenta-se como numa das formas de resistências, luta e proposta de outra sociedade - proposta essa inclusa em sua gênese.
REFERÊNCIAS
NOGARO, Arnaldo; PIRAN, Gestine Cássia
Trindade; ZAFFARI, Nely. A história e as ações educativas das
organizações sociais populares da cidade de Erechim/RS. Erechim:
São Cristóvão, 1996.
1
Acadêmico do curso de Geografia da UFFS – campus Erechim –
sian.pk@gmail.com
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