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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Democracia moderna e a Autogestão presentes na Guerra Civil Espanhola


Felipe Bernardi Poersch
Acadêmico do 4º semestre do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais
UFFS - Campus Erechim 
A Democracia moderna, se dá pela representação do povo através de um representante escolhido pelos mesmos através do voto, em um processo de eleição. A autogestão seria quando várias cooperativas, por exemplo, cuidam dos interesses de cada indivíduo presente em uma determinada fábrica, no qual não há a presença de Estado.
O filme “Terra e Liberdade”, dirigido e produzido no ano de 1995 (mil novecentos e noventa e cinco), tem como palco a guerra civil espanhola, em que demonstra a visão de revolucionários, a fim de lutar contra o fascismo, que estava tomando conta da Europa pós-Primeira Guerra Mundial.
Antes da Guerra Civil, muitas pessoas viviam na pobreza e com a guerra, a quantidade de pessoas pobres e famintas aumentou consideravelmente, sendo uma grande motivação para muitos entrarem nas forças revolucionárias.
Durante 3 ou 4 anos, os revolucionários viveram em um modo de governo, no qual foi denominado de autogestão, e que funcionou perfeitamente em escala local durante sua vigência, mas que foi destruído após o pedido de ajuda de seus inimigos para que Hitler pudesse “testar” suas aeronaves em território espanhol, o que mudou completamente o cenário da guerra.
Autogestão e democracia representativa, são alvos de muito debate, pelo fato de uma corrente defender que ambas se complementam, enquanto outra corrente defende que elas são opostas. Em um modelo de autogestão, como aconteceu na Espanha, as votações e reuniões aconteciam todas sem que houvesse um representante, ou seja, todos falavam por si mesmos. A autogestão na Espanha, funcionava principalmente na cidade de Catalunha, que era basicamente um país dentro de um país, por possuir uma estrutura sólida e com pessoas que realmente se dedicavam por aquilo que estavam lutando.
A Autogestão visava um modelo no qual cada um falava por si e defendia suas idéias, em uma assembléia no qual todos outros participantes do mesmo sindicato votavam e decidiam qual o melhor para eles. Modelo este, próximo à democracia direta, da antiga Grécia, mas com a diferença de que mulheres e demais presentes tinham o mesmo direito à fala e ao voto.
Com o passar do tempo, as idéias debatidas de interesse local, deveriam ser levadas a um interesse territorial, ou seja, ser levado para todos os cantos do país para que pudesse ser debatido em outros lugares, pois poderia ser uma questão comum a mais de um grupo. Caso a autogestão fosse tomada em proporções nacionais, poderiam haver representantes (o que é refutado  por muitos estudiosos do tema, como aponta Nildo Viana, em seu artigo “Democracia e Autogestão”), para levar esses interesses aos demais cantos do país, ou até do mundo, dependendo de quão longe iria o sistema de autogestão.
Democracia só se faz necessária em nosso modelo de sistema, pois é uma realidade que estamos vivenciando no momento, e como diz Nildo Viana:


“A autogestão seria o conceito fundamental de uma sociedade futura e, portanto, incompatível com relações sociais, e, por conseguinte, conceitos, de nossa sociedade. Enfim, por tal motivo autogestão social é distinta e incompatível com democracia representativa.” (Viana, N. Democracia e Autogestão. Pág. 13).

Em outras palavras, autogestão funcionaria apenas em uma sociedade futura, no qual os indivíduos seriam capazes de sentar e discutir assuntos de interesse geral, e não eleger um representante que poderá fazer o que bem entender em seu mandato, dizendo que está servindo seu “povo”. Este é um dos motivos para que a representação na democracia seja refutada para se fazer presente no sistema de autogestão, mesmo que pareça-se ser necessária por causa da amplitude que poderia se encontrar o sistema.

2 comentários:

  1. Interessante o que o colega Felipe aborda em relação ao centro da autogestão na Espanha - Catalunha, que o povo que estava realmente ali estava empenhado na causa da luta. Ou seja, Catalunha foi um local que manteve-se forte pelos seus ideias. O que prejudicou tal êxito foi a falta de apoio e de armas, pois do outro lado o Exército Franquista tinha apoio dos Fascitas e, principalmente, Nazistas. Foi por esse motivo que não conseguiram manter a autogestão e expandi-la por muito tempo.

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  2. Ainda que a auto-gestão seja um projeto a ser "melhorado", as esperiências passadads nos mostram um norte a ser seguido. Infelizmente tal projeto de organização social, tendo como exemplo a iniciativa espanhola, em nada interessa os grupos radicais, sejam eles, direitistas ou nacionalistas.

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